Fortalecer os vínculos com a família e amigos. Essa pode ser a chave para as pessoas que vivem em situação de rua retornarem ao lar pela porta da frente. E é também um dos trabalhos que o Centro POP “Violanda Gemente Aran” realiza, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania, com os usuários do equipamento social para trabalhar a reintegração desses cidadãos à sociedade e à família, indo muito além do suprimento das necessidades básicas.
“É um trabalho de reconstrução de vida”, diz Francisco Alves Magalhães, pedagogo do Centro POP. “Essas pessoas, muitas vezes, perderam completamente o contato com seus familiares e não têm apoio para superar vícios e mudar de vida. Então, nossa equipe faz um trabalho de fortalecimento de vínculos com os familiares, para tentar a reaproximação e até o retorno ao lar”, ele complementa.
A equipe do Centro Pop realiza o trabalho tanto com aqueles que utilizam o serviço diariamente, quanto nas abordagens realizadas com aquelas pessoas que têm uma resistência maior em sair das ruas. “Nós sempre fazemos um trabalho de acolhimento e escuta, para tentar conhecer os motivos que levaram o indivíduo a morar nas ruas. Depois, procuramos estabelecer contato com os familiares e os ouvimos, para saber qual a disponibilidade de receber novamente o ente em casa”, explica Francisco.
Há também a orientação aos usuários do equipamento que utilizam substâncias entorpecentes para que busquem tratamento no CAPS-AD. O Centro Pop também realiza, em parceria com a rede municipal de saúde, o encaminhamento para comunidades terapêuticas, mediante a disponibilidade de vaga.
Em relação ao fortalecimento de vínculos, é um trabalho delicado, que requer tempo, paciência e vontade de ambas as partes. E, por isso, nem sempre essa reaproximação é bem-sucedida.
De acordo com a assistente social do Centro POP, Rosangela Soares, Ademir Rosa, 59 anos, já vinha sendo acompanhado há cerca de 3 anos pela equipe de abordagem social, que realizava orientações e buscava informações sobre a família. Mas, Ademir nunca aderiu ao equipamento, preferia ficar nas ruas. Desde que ele havia se separado da esposa, foi morar com o filho, Luciano, que explica: “eu morava em Sertãozinho com minha ex-esposa, minha filha e meu pai. Quando eu me separei, há uns 6 anos, minha filha era pequena e estava passando por problema de saúde. E eu não tive como dar atenção pro meu pai. Ele morou um tempo com meus outros irmãos, mas não se acostumou, porque não se dava bem com as noras. Então ele começou o vício na bebida. Ia para a rua, voltava pra casa de um dos filhos e ia para a rua de novo”.
O vício que o Sr. Ademir tinha em álcool era o que mais dificultava a situação. “Cheguei a internar meu pai numa casa de recuperação. Lá ele ficou 7 meses. Não deu certo e voltou para a rua. Depois ficou 1 ano em outra casa de recuperação. E também não deu certo e voltou para a rua”, lembra Luciano.
Com o início da pandemia, o filho do Sr. Ademir não encontrava emprego e se mudou para Coromandel, em Minas Gerais, onde morava sua noiva. Ele levou a filha e a mãe. Lá ele conseguiu trabalho como pedreiro. Depois de quatro meses, em julho, sentindo muita saudade, resolveu buscar o pai. “Eu chorava muito de saudade do meu pai. Contei a história dele para a minha esposa e ela concordou na hora em ele vir morar aqui com a gente. Conversei com meus irmãos e procurei o Centro POP, que me deu todo o apoio para eu levar meu pai para casa”, narra Luciano.
“No caso do Sr. Ademir, o trabalho de Fortalecimento de Vínculos ocorreu desde as primeiras abordagens. Porém, foi apenas nesse ano que conseguimos um envolvimento efetivo dos três filhos, que se uniram e entraram num acordo sobre o melhor local para ele ser acolhido. No dia 20 de julho eles vieram para acolhê-lo e, desde então, reside com o filho Luciano”, relata Rosangela.
Um outro caso bem-sucedido do trabalho de reintegração à sociedade é o de Valério Vitor Félix. Rosangela conta que ele passou algumas vezes no equipamento, porém não se vinculava. “Mas em outubro de 2018 retornou ao Cento Pop e foi possível realizar algumas intervenções. Então, em fevereiro de 2019 ele estabeleceu moradia, após ser encaminhado para o mercado de trabalho”, descreve a assistente social.
Valério não tinha perdido contato permanente com irmã nem com a filha. Então, assim que deixou o uso de substâncias químicas, retomou o convívio com a família, realizando visitas e mantendo contato por telefone. O usuário conseguiu estabelecer e fortalecer vínculos com amigos e com a própria empregadora, estabelecendo uma extensa rede de apoio.
“O Centro Pop foi uma bênção pra mim. Lá eu deixava de ficar na rua. Eu estava sem moradia, sem nada. Por causa do meu vício em bebida, passei por tantas casas de recuperação que eu perdi as contas. Foram quase 20 anos nessa vida. O Centro POP me acolheu quando eu estava na pior fase da minha vida. Então, agarrei essa oportunidade como se fosse a última e fiquei determinado a mudar”, declara Valério. E finaliza: “hoje eu sou muito feliz. Com a ajuda da equipe do Centro Pop e da minha patroa, que acreditou em mim, eu consegui chegar onde eu estou hoje”.
O Centro POP está localizado na Rua Epitácio Pessoa, 2.650 – Jardim Alvorada. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h.
Fonte: Departamento de Comunicação PMS
