Dentro de uma incubadora, mãozinhas minúsculas de um recém-nascido prematuro seguram tentáculos coloridos de um macio boneco de polvo tecido em crochê. Para o bebê, é como se ele estivesse segurando o cordão umbilical, dentro do útero materno.
Bebês prematuros têm uma saúde mais delicada e geralmente apresentam problemas respiratórios, dificuldades para mamar e atraso no desenvolvimento. A presença dos polvos ajuda a melhorar a respiração e regular os batimentos cardíacos, levando a um aumento dos níveis de oxigênio no sangue desses bebezinhos. Isso acelera a sua recuperação e diminui o tempo de internação. Assim, eles podem ir mais cedo para casa.
Já há algum tempo, a UTI Neonatal da Santa Casa de Sertãozinho presenteia os prematuros nascidos lá com polvos fofinhos feitos de crochê, e tem colhido bons resultados. Para conseguir atender a todos, há um mês, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania foi convidada pelo provedor do hospital, José Carlos Simões, a ser parceira do projeto, intitulado “Polvos do Amor”, através da confecção dos bonecos por idosas que frequentam o Centro de Convivência do Idoso – CCI.
“A voluntária que iniciou a fabricação dos polvos para a Santa Casa ensinou a técnica para a monitora de trabalhos manuais do CCI, e ela transmitiu a técnica às idosas que o frequentam”, conta a secretária de Assistência Social e Cidadania, Tatiane Cristina Pereira Guidoni. O trabalho é voluntário, sendo que, alguns rolos de linha foram doados pelas próprias alunas e outros por funcionários da Secretaria de Assistência Social.
Na quinta-feira, 21, foram entregues os primeiros dez polvos produzidos pelas idosas. Mais 30 estão sendo confeccionados e serão entregues nos próximos dias. Eles são esterilizados na autoclave da Santa Casa antes de serem entregues aos bebês. Na ocasião, havia seis recém-nascidos internados, sendo que cinco precisavam de um polvinho para chamar de seu.
As senhoras das mãos habilidosas que teceram os polvos de tentáculos coloridos tiveram a oportunidade de conhecer a UTI Neonatal, divididas em grupos de três pessoas. “Foi um momento de muita emoção e alegria, por poderem ajudar os bebezinhos”, declara Tatiane Guidoni.
Origem dinamarquesa
A ideia surgiu na Dinamarca em 2013. Chamado de “The Octo Project” (Projeto Polvo), o projeto envolve também a participação de voluntários que confeccionam polvos em crochê com linhas coloridas feitas 100% de algodão para bebês prematuros. Os resultados foram tão bons, que a ideia se espalhou pelo mundo.