“Celebrar
o Janeiro Branco é chamar a atenção para a permanente necessidade de se romper
com esse passado recente, cujos matizes de preconceito e estigma ainda
constituem a realidade de boa parcela de nossa sociedade”
Por *Eliane de Paula Silveira Mello
Janeiro talvez seja o mês que concentra o maior potencial de projetos individuais percorrendo o imaginário coletivo. Essa capacidade de projetar é exatamente o que diferencia o ser humano de outros animais, bem como, a certeza de nossa finitude. Nessa realidade, muitas vezes nos deparamos com situações que nos causam sofrimento, medo e desamparo.
O ser humano é um ser social. E a forma e o motivo pelo qual sofremos estão relacionados à sociedade em que estamos inseridos. Dessa maneira, refletir sobre nossa saúde mental impõe também trazer em cena aspectos sociais, em suas contradições e manifestações decorrentes da relação entre o que realmente somos em contraposição ao que compreendemos sobre nós mesmos.
Assim, o conceito de saúde mental se anuncia em movimento, tendo o contexto social repleto de determinantes. Isso torna possível formular algumas questões: como nos vemos? Como vemos aqueles que entendemos como sendo diferentes de nós?
Historicamente, o sofrimento mental é enfrentado em um terreno permeado por estigmas e preconceitos. Lembremos que até a década de 1970, no Brasil, a única possibilidade de se tratar pessoas em sofrimento mental se dava por meio de internações em manicômios. Em geral, quem eram essas pessoas? Pessoas internadas porque se sentiam tristes, porque eram epilépticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas violentadas pelos patrões.
Celebrar o Janeiro Branco é chamar a atenção para a permanente necessidade de se romper com esse passado recente, cujos matizes de preconceito e estigma ainda constituem a realidade de boa parcela de nossa sociedade. Trata-se de buscar a sensibilização para outras formas de sociabilidade e, consequentemente, para outras maneiras de cuidado. Isso quer dizer que é proposta uma nova perspectiva de resgate da cidadania e de aparecimento do sujeito que foi por muito tempo tolhido e anulado.
O mês de janeiro foi escolhido por representar um certo marco de esperança. E a cor branca por ser a única cor que envolve todas as outras, trazendo um caráter democrático e profundamente inclusivo. Afinal, como diria Caetano Veloso, “de perto, ninguém é normal”.
Contribuindo e aprofundando esse processo de transformação social, o CAPS-AD e o Ambulatório de Saúde Mental de Sertãozinho aderem ao desafio de dar visibilidade a essa realidade. Para tanto, diferentes ações serão desenvolvidas por esses equipamentos, destinadas aos seus usuários:
22/01/2019
CAPS-AD
• 8h - Visita de usuários e técnicos do CAPS-AD ao Bosque e Zoológico “Fabio Barreto”, na cidade de Ribeirão Preto.
29/01/2019
Ambulatório de Saúde Mental
• 9h - Café da manhã com usuários do serviço na recepção do Ambulatório de Saúde Mental, ao som do violinista Roberto Bízzio. Haverá também panfletagem e orientação ao cuidado em saúde mental.
• 14h - Roda de Conversa com mães e pais. Tema “A Tecnologia e a Saúde Mental de Crianças e Adolescentes”, ministrada pela psicóloga infantil Rosária Fernanda Magrin Saullo.
CAPS-AD
• 8h (Grupo De Vivência) - Exibição audiovisual aos pacientes e discussão sobre Saúde Mental e o cotidiano.
• 9h15 (Grupo de Tabagismo) - Discussão Janeiro Branco e práticas de cuidados em Saúde Mental.
• 13h (Grupo Família) - Roda de conversa com usuários sobre os cuidados dos familiares das pessoas em sofrimento mental.
• Durante todo o dia será entregue material educativo sobre o Janeiro Branco e sobre os serviços disponíveis na rede municipal.
Onde obter mais informações:
Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD)
Rua Carlos Gomes, nº 1354 - Centro