No mês de conscientização da doença, Fundo Social de Solidariedade promove ações de reflexão sobre o assunto
Isaac Newton, Mozart, Charles Darwin, Michelangelo, Albert Einstein, Vincent van Gogh, Andy Warhol e Bill Gates. Você se arriscaria a dizer o que essas pessoas têm ou tiveram em comum além da fama? Se em função do título desta matéria você está sendo induzido a dizer que todos eles sofreram ou sofrem de autismo, acertou!
O autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias; proporcionalmente, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados de forma precoce. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior (com características de genialidade), menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e autossuficiência. E é aqui que reside a importância de conscientizar e preparar a sociedade para acolher e desenvolver um bom convívio com os indivíduos portadores de autismo.
É com esse compromisso que, durante o mês de abril, em que são empreendidas em todo o mundo diversas ações em prol da conscientização do autismo, o Fundo Social de Solidariedade promoverá diferentes atividades que têm como foco a população em geral e, de forma mais específica, aperfeiçoarão os conhecimentos dos profissionais das áreas de saúde e educação. “Temos o propósito de envolver a sociedade na busca pelo fim do preconceito; melhorar ainda mais a capacitação dos profissionais que lidam com o autismo no dia a dia; além de mostrar quais são os diferenciais do município no atendimento às pessoas que sofrem com o transtorno”, explica a primeira-dama e presidente do Fundo, Tatiane Guidoni.
Assim, no próximo dia 28, às 19h, no Teatro Municipal, acontece a palestra “Inclusão da Pessoa com Autismo – Desafios e Possibilidades” – uma ação aberta aos cidadãos em geral, que desejam saber mais sobre o tema.
No dia seguinte, às 18h, no auditório da EMEF “Profª Elvira Arruda de Souza”, a capacitação contempla exclusivamente os cuidadores de pessoas com autismo, que participarão do workshop “Trabalhando com Autismo – Aprender Fazendo”.
Os eventos contam com o apoio das secretarias municipais de Desenvolvimento Social e Cidadania e de Educação e Cultura.
O autismo em Sertãozinho
A Secretaria Municipal de Educação e Cultura trabalha para oferecer aos mais de 400 alunos com algum tipo de deficiência, um atendimento humanizado, garantindo-lhes estrutura física e acadêmica de igual equivalência aos demais estudantes. No caso dos alunos com autismo, que são 11 matriculados na rede municipal de ensino, cada um tem direito de ser acompanhado por um cuidador durante todo o período escolar.
É o caso de Gabriel Ramos dos Santos, de 9 anos, que cursa o 3º ano do Ensino Fundamental na EMEF “Dr. Sílvio Sarti”, onde estão matriculados outros dois alunos que sofrem de autismo. A mãe de Gabriel, Marizélia Lacerda Ramos, 37 anos, avalia como “ótimo” o atendimento que a escola presta ao filho. “Todos os profissionais são capacitados para lidar com crianças especiais. Meu filho foi acolhido pela escola e recebe todo o cuidado e respeito necessários. Acredito que a sociedade caminha a passos calmos rumo à tolerância. É preciso aceitar que um é diferente do outro, e que cada pessoa pode sorrir da sua maneira”, afirma.
Rosinéia Fátima de Azevedo Dias é mãe de Mateus Fernando de Azevedo Dias, que também tem autismo e estuda na EMEF “Dr. Sílvio Sarti”. Ela também reforça o cuidado e a atenção que os profissionais dispensam ao seu filho. “São muito prestativos, atenciosos, esforçados e dedicados. Meu filho foi bem acolhido por todos. Acredito que estamos vencendo o preconceito, pois as pessoas já estão olhando os autistas com um olhar de amor e não de indiferença”, avalia.
Quem está do outro lado, atuando como cuidador desses alunos, sabe que a responsabilidade é grande, mas o carinho e o reconhecimento também. “Minha experiência com alunos especiais vem de longa data, pois sou professora. Como cuidadora atuo há pouco tempo, mas posso afirmar que tem sido a experiência mais maravilhosa da minha vida. Aprendo, e me transformo a cada dia em um ser humano melhor, graças a essa vivência”, reflete Ana Lúcia de Assis Lanowyk Lima.
Para a diretora da EMEF “Dr. Sílvio Sarti”, Cleuza Costa, a boa avaliação dos pais vem da dedicação com a qual todos os profissionais da unidade escolar desempenham suas funções. “Penso que todas as escolas municipais prestam um bom atendimento aos alunos que possuem alguma deficiência, pois é uma premissa da Secretaria de Educação que todos os nossos alunos sejam acolhidos de maneira respeitosa e de forma integral. Se fizermos uma análise mais ampla, podemos dizer que Sertãozinho está muito à frente das demais cidades do Brasil. Basta ouvir os noticiários e você verá pais citando recusa de matrícula, crianças autistas que sofrem bullying e outros tendo que acionar a Justiça para fazerem valer os seus direitos, que já estão garantidos aos autistas pela Lei Berenice Piana (nº 12.764/2012)”, ressalta.
De acordo com a secretária municipal de Educação e Cultura, Otávia Alexandrina Portugal Assumpção, apesar dos diferenciais do município, é possível aperfeiçoar a qualidade do atendimento aos alunos autistas sempre. “Os cuidadores da rede são pedagogos aprovados por processo seletivo ou professores efetivos da rede municipal de ensino, que trabalham com a parte pedagógica, auxiliando o titular da sala. Tentamos fazer o melhor, por isso, estamos sempre atentos em aperfeiçoar os conhecimentos de nossos cuidadores, que participam de capacitações periódicas, com temas voltados para as várias deficiências atendidas na rede”, conclui a secretária.