A provocação é sempre um incentivo à reflexão. Recentemente, fui perguntado sobre o problema do emprego e da instalação de novas empresas em Sertãozinho. Nada mais justo, visto que a atribuição principal da Secretaria é exatamente esta: trabalhar pelo desenvolvimento econômico, através da Indústria e Comércio, que geram trabalho e renda ao cidadão.
E isso é o que fazemos todos os dias. Promovendo a infraestrutura industrial que temos, demonstrando nosso potencial de desenvolvimento a possíveis investidores, detalhando nossa forte rede de qualificação profissional de nível técnico, uma das melhores do Brasil e ilustrando a potência de nossa engenharia de base. Isso tudo é o que tentamos informar e vender ao mercado todos os dias, para que investidores considerem colocar seus recursos aqui.
Evidente que este esforço, embora intenso, não é suficiente, desde que Sertãozinho está inserido em uma economia nacional, onde os investimentos estão paralisados. Não existem projetos de curto prazo. O nível de confiança do empresariado é muito baixo, e não existem empresários dispostos a instalar novas empresas. Esse não é um quadro de Sertãozinho, é o Brasil de hoje.
Estimular a instalação de empresas, com retorno a longo prazo, num cenário onde elas estão sem recursos, com mais de 3,5 milhões delas inadimplentes no Brasil, comprometidas econômica e fiscalmente, e sem investimento externo por conta da lenta recuperação econômica internacional, é um trabalho de todos.
Para minimizar esses efeitos de maneira institucional, há que se modificar o quadro macroeconômico, que depende essencialmente de políticas públicas federais. Quem pode mexer com câmbio? Ou com juros? Ou com Leis Trabalhistas? Infelizmente, para dificultar, ainda temos, o momento político eleitoral, que paralisa as instituições temporariamente.
Mas, como dizia o pensador francês Henri Lacordaire, “o desânimo é a morte da virilidade”, e por isso, não vamos nos desanimar. Temos que fazer todo o possível para alavancar nossas potencialidades.
Contatos com empresas de referência como a Petrobras, tentando viabilizar novos caminhos; parcerias com agências de desenvolvimento como a Investe SP e a Desenvolve SP; articulações com Câmaras de Comércio bilateral; o apoio incondicional à Fenasucro, e nosso comprometimento político, como o Fórum que realizamos em 2013, e que gerou as duas frentes Parlamentares, em São Paulo e Brasília, são ações que fazem parte desse esforço que vai além, em um enorme rol de atividades que visam nos tornar mais visíveis.
Evidentemente, nem isso basta para virar o jogo. Há ainda a questão da dependência setorial de nossa economia, vital para a estabilidade da indústria instalada.
Aqui vai uma reflexão. Nossa sociedade não depende do açúcar e álcool diretamente. Em verdade, dependemos das indústrias de máquinas e equipamentos aqui instaladas, que representam mais de 65% do nosso PIB, e emprega mais de 48% dos nossos operários.
Essa indústria de base é o que nos torna indiretamente dependentes do setor sucroenergético. Isto não é um erro ou pecado. Isto se chama especialização. É isto o que fazemos de melhor. Nossas indústrias são as melhores do mundo nessa tecnologia, têm os melhores técnicos e conhecem toda a cadeia produtiva. Em função disso, é que se movimentam com familiaridade e preferência pelo setor. Mudar esta performance é um trabalho hercúleo e de longo prazo. Transformar-se em generalista no mercado é, no mínimo, construir uma nova estrutura comercial e de gestão. Há que se fazê-lo com uma grande vontade e muito investimento.
Todos nós desejamos e incentivamos tais procedimentos, mas, sem dúvida, cada indústria tem sua própria característica, sua potencialidade, conhece suas dificuldades e domina sua estratégia. Não há como o poder público interferir em seus planos, a não ser apoiando suas iniciativas individuais e coletivas, através de suas entidades representativas.
Temos trabalhado muito próximos dessas entidades. O CEISE-BR e a Secretaria da Indústria e Comércio têm se dedicado a operar propostas de desenvolvimento conjunto, como o APL, e a instalação de um Conselho de
Lideranças, que reúne a experiência industrial vivida nas últimas décadas, em Sertãozinho.
Infelizmente, o momento é o mais agudo possível e quem mais sofre os efeitos são os trabalhadores, pelas ameaças ao emprego e à insegurança familiar. Entretanto, nós acreditamos na capacidade de recuperação de nossos empresários, seu forte compromisso com a estabilidade de suas empresas e a geração de empregos e, principalmente, com seu indiscutível empreendedorismo.