Recentemente, a epidemia do novo coronavírus (Covid-19) na China tem causado preocupação, sobretudo com a chegada da doença em outros países, inclusive no Brasil. Segundo informações do Ministério da Saúde, há oito casos confirmados e 635 suspeitos em todo o país (dados de 05/03/2020).
Para falar mais sobre o assunto, como informações sobre a doença e as medidas de prevenção necessárias, o Departamento de Comunicação da Prefeitura de Sertãozinho entrevistou a médica infectologista da Rede Municipal de Saúde, Marília Borsari.
DECOM: Drª Marília, quais são os sintomas da doença causada pelo novo coronavírus?
O novo coronavírus apresenta quadro clínico semelhante a um resfriado comum, como tosse, febre, coriza, mialgia (dor muscular), dor de garganta, cefaleia (dor de cabeça) e até náuseas, vômitos e diarreia. O que chama atenção nesse novo vírus é que vários indivíduos infectados apresentaram dispneia (falta de ar) com evolução para pneumonia, com necessidade de internação hospitalar. E aconteceram óbitos dentre esses casos mais graves.
DECOM: Como é a transmissão?
O coronavírus infecta o aparelho respiratório. Assim, sua transmissão se dá por gotículas provenientes da tosse, espirros e da fala. Também pode acontecer pelo contato próximo com um indivíduo infectado ou pelo contato com as secreções do mesmo. Considera-se contato próximo uma distância de até 2 metros do indivíduo infectado.
DECOM: Quantas pessoas alguém doente pode infectar?
No momento, estima-se que cada pessoa infectada transmitiu o vírus para mais 3 pessoas.
DECOM: Quem corre mais risco de contrair a doença?
Qualquer pessoa que viva ou venha de área com transmissão por coronavírus está sujeita a contrair a doença. Sabe-se que existem, inclusive, indivíduos que foram infectados pelo vírus, mas não apresentaram sintomas: são os portadores assintomáticos, que também podem transmitir para outras pessoas.
Quem mais corre o risco de evoluir para infecções respiratórias graves, com necessidade de internação e suporte em terapia intensiva, são os idosos (acima de 60 anos) e portadores de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes.
DECOM: O que devemos fazer para evitar uma possível contaminação pelo vírus? É necessário usar máscara?
Para evitar a contaminação do vírus é válido evitar viajar para os países que são área de transmissão, se possível. Caso seja confirmada a transmissão de pessoa a pessoa Brasil, será importante evitar lugares aglomerados e intensificar medidas de higiene, como lavagem das mãos com água e sabão, higienização com álcool gel (70%), tampar a boca e o nariz com o braço ao tossir ou espirrar (para não contaminar as mãos), e limpeza frequente de superfícies e objetos.
Não é necessário o uso de máscaras cirúrgicas para evitar a doença. Essas são restritas aos casos confirmados e suspeitos e à equipe de saúde que esteja promovendo atendimento ao paciente.
DECOM: A situação é grave? Qual a taxa de letalidade da doença?
A situação na China é muito grave, tanto pelo número de infectados, quanto pelo impacto econômico. Começa-se a aumentar o número de infectados em regiões da Europa, países com fluxo importante de brasileiros, o que aumenta o risco de viajantes que possam retornar ao país como portadores do Covid-19. É uma doença nova, conhece-se pouco, os dados que permitem estimativas estão sendo publicados aos poucos.
Sabe-se que, na China, a taxa de letalidade está em torno de 2,3%, ou seja, a cada 100 pessoas doentes, um pouco mais de 2 morrem. Dizer que uma taxa de letalidade é alta ou baixa é relativo, afinal vidas estão sendo perdidas. Mas, entre as doenças infecciosas de alta transmissibilidade, é relativamente baixa.
DECOM: O que a Secretaria de Saúde está fazendo em relação à doença?
A Secretaria de Saúde está promovendo capacitação dos profissionais de atendimento básico e de emergência para o acolhimento de casos suspeitos (pessoas que viajaram nos últimos 14 dias para países do exterior onde há circulação do vírus e que apresentem tosse, febre, falta de ar ou outros sintomas gripais).
Além do treinamento, o protocolo municipal define o fluxo de atendimento e condutas necessárias, de acordo com as orientações fornecidas pelo Ministério da Saúde, que por sua vez, segue as orientações da Organização Mundial De Saúde.
Casos suspeitos devem procurar a unidade básica de saúde mais próxima do seu domicílio, a UPA ou hospitais particulares. O paciente será avaliado, serão coletados exames específicos caso sejam indicados, e cada caso receberá a conduta médica mais apropriada, seja isolamento domiciliar, ou internação hospitalar.