O título que abre este texto é uma constatação dos serviços socioassistenciais de todo o país; e se você costuma dar aquelas moedinhas quando um pedinte lhe aborda, saiba que isso contribui, cada vez mais, para que ele continue “sobrevivendo” nas ruas.
Para que esse ciclo seja interrompido, de modo que a população de rua reencontre sua dignidade, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania vem desenvolvendo um importante serviço de abordagem social, através dos profissionais que atuam no Centro POP e, também, solicitando o apoio da população, com uma campanha de conscientização que explica porque é preciso abandonar o velho hábito de dar esmolas.
“O dinheiro não oferece dignidade ao pedinte. O ideal é sempre orientar essas pessoas a procurarem os serviços sociais do município, como o Centro POP, por exemplo, pois, ele é especializado no atendimento à população em situação de rua, além, de dispor de todos os mecanismos para sanar as necessidades básicas desses cidadãos. Ao receberem o dinheiro com muita facilidade, a probabilidade dessas pessoas continuarem nas ruas, comprando substâncias que causam dependência química, é muito alta, mantendo, assim, o ciclo vicioso das ruas”, explica a secretária de Assistência Social e Cidadania, Tatiane Cristina Pereira Guidoni.
O ciclo das ruas
“Essa parcela da população é composta de diversos tipos de pessoas, com um problema em comum: a distância ou ausência total de lar”, explica o assistente social do Centro POP, Francisco Magalhães, que continua: “o nosso trabalho é de formiguinha, conversando com esse pessoal e vendo quais são seus reais problemas. Há casos de pessoas que vieram de longe, do Maranhão, por exemplo, em busca de trabalho, e não conseguiram, acabando marginalizados. Nem sempre dispomos de meios legais para enviá-los de volta às suas cidades de origem; então, fazemos diversos movimentos para tentar reintegrá-los à sociedade, por meio do Centro POP”.
Em outras situações, quando o retorno para sua cidade natal é a principal necessidade, o serviço social consegue resolver, como foi o caso do serralheiro Danilo (nome fictício), que veio para Sertãozinho depois de um problema no relacionamento conjugal e com uma promessa de emprego; mas, o trabalho não deu certo, e ele quase teve que passar uma temporada pelas ruas. Por sorte, encontrou os assistentes sociais do Centro POP durante uma das abordagens sociais, e conseguiu uma passagem para voltar a Viradouro, sua cidade natal.
As equipes do Centro POP, geralmente, são compostas de duas pessoas, que frequentam locais de grande fluxo desses cidadãos, já mapeados, e trabalham orientando diretamente as pessoas que estão precisando de auxílio. Mas, apesar da regularidade das ações, o envolvimento da sociedade é fundamental. “Precisamos da adesão da população, no sentido de não doar dinheiro a essas pessoas, pois, agindo assim, acontece a desconstrução do nosso trabalho. A melhor forma da população ajudar moradores de rua e pedintes é orientá-los a procurar o Centro de Referência de Assistência Social mais próximo, ou o Centro POP, para que eles passem por uma triagem que identifique suas reais necessidades sociais e de saúde”, reforça Francisco.
A secretária Tatiane explica, ainda, que o trabalho é pautado na legislação. “Segundo a Constituição Federal, essas pessoas têm o direito de ir e vir, e não se pode obrigá-las a participar do serviço e/ou sair do mundo das ruas, a não ser que elas estejam causando algum dano a alguém, ao patrimônio ou a si próprias; nesses casos, é possível solicitar o apoio do Ministério Público e de profissionais de saúde, para avaliação da situação clínica e até psiquiátrica, para depois serem pedidas as internações compulsórias para tratamento da dependência química. Mas é sempre importante reforçar que, sem obter o dinheiro nas ruas de maneira fácil, a tendência desta pessoa em aceitar a ajuda profissional é muito maior”, completa Tatiane.
Agora, que você já sabe que dar o dinheiro não é melhor forma de ajudar uma pessoa em situação de rua, que tal mudar sua a conduta e oferecer orientação?
Quando for abordado por um pedinte, que alegue fome ou qualquer outra necessidade, no período diurno, oriente-o a procurar o Centro POP. Localizado no Jardim Alvorada, à rua Paulo Meloni, nº 720, o equipamento social disponibiliza banho, alimentação e auxílio na elaboração de currículos, o que ajuda na reintegração dessas pessoas à sociedade.
O órgão dispõe de uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais, educadores sociais, psicólogos e pedagogos. Além disso, também oferece diversos cursos, como artesanato e letramento (em parceria com a Secretaria de Educação), e outros esporádicos, como o de jardinagem e reciclagem (em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente).
E caso se depare com uma situação dessas no período noturno, oriente o indivíduo a procurar o Albergue Noturno “Octávio de Oliveira Campos”, localizado à rua Elpídio Gomes, 353, no centro da cidade, para que ele possa fazer sua refeição, dormir em um local seguro e, no dia seguinte, seja encaminhado aos serviços de assistência social.
Mais informações podem ser obtidas por telefone: 3945-8453 (Centro POP), 3942-3644 (Secretaria de Assistência Social) ou 3942-9556 (Albergue Noturno).