*Marília Rosa Rodrigues
A Leishmaniose Visceral Americana é uma doença de relevante preocupação para a saúde pública, que apresenta como hospedeiros, nos centros urbanos, homens e cães. A transmissão ocorre através da picada do mosquito vetor (flebotomíneo), infectado com o protozoário da espécie Leishmania chagasi.
A pedido do Núcleo de Controle de Zoonoses, órgão pertencente à Secretaria Municipal de Saúde, foi realizada uma pesquisa em Sertãozinho, durante os meses de janeiro e fevereiro, através da SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias), para avaliar a presença do mosquito transmissor da doença, o Lutzomya longipalpis. O resultado mostrou que, nas amostras analisadas, não foram encontrados exemplares da espécie.
Em função disso, o município de Sertãozinho foi classificado como uma área SILENCIOSA (sem transmissão), NÃO RECEPTIVA (sem a presença confirmada do vetor) e NÃO VULNERÁVEL (distante de áreas e/ou rotas de transmissão) para a doença.
Embora o resultado da pesquisa tenha apontado a ausência do vetor da Leishmaniose Visceral Americana, o estudo constatou a presença do mosquito transmissor da Leishmaniose Tegumentar, o Nyssomyia neivai, que costuma habitar locais próximos a rios e matas, onde o ambiente é úmido e com presença de matéria orgânica.
Dessa forma, é importante alertar os cidadãos que frequentam áreas próximas a matas e rios, para que fiquem atentos a lesões (feridas) indolores na pele que demoram para cicatrizar ou que tenham aspecto não habitual, que costumam ser o primeiro sinal da doença, podendo regredir espontaneamente ou com o uso de medicamentos. Nesse caso, é preciso que o indivíduo procure atendimento médico para o diagnóstico correto e possível tratamento.
De acordo com o Manual de Vigilância Sanitária publicado pelo Ministério da Saúde, algumas medidas simples podem prevenir o risco de transmissão da leishmaniose, como:
- Utilizar produtos repelentes contra insetos nos ambientes que favorecem o desenvolvimento de mosquitos vetores do protozoário;
- Evitar a exposição nos horários em que os mosquitos estão mais ativos, ou seja, ao amanhecer e no final da tarde;
- Conservar limpos quintais e terrenos baldios próximos das casas, para evitar criadouros dos insetos;
- Destinar adequadamente o lixo doméstico. Isso ajuda a manter afastados roedores que podem servir de reservatórios dos parasitas;
- Manter distância de pelo menos 400 ou 500 metros entre as residências e a mata, nas áreas de maior risco;
- Cuidar da saúde de seu cão, procurando atendimento médico veterinário, caso ele apresente doenças de pele ou venha a adoecer.
*Marília Rosa Rodrigues é médica veterinária e coordenadora do Núcleo de Controle de Zoonoses de Sertãozinho.