Neste ano, o Ministério da Saúde incluiu a esporotricose humana, uma micose endêmica, na Lista Nacional de Notificação Compulsória, devendo ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A portaria, publicada pelo órgão em 18/03/2025, visa ajudar a avaliar o real cenário epidemiológico da esporotricose humana no Brasil e, como consequência, a construir políticas públicas assertivas no controle dessa doença.
E por que é importante conhecer a doença? A esporotricose humana é a micose de implantação mais prevalente no mundo, sobretudo em áreas tropicais e subtropicais, e ocorre nas cinco regiões do Brasil. Causada por fungos do gênero Sporothrix spp., ela pode ser transmitida por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira; contato com vegetais em decomposição; ou arranhadura ou mordedura de animais, sendo o gato o propagador mais comum - características que dificultam o controle da doença. “No caso da esporotricose, é provável que os gatos estejam mais predispostos à doença devido aos seus hábitos naturais. Eles entram em contato com o fungo ao arranhar troncos, enterrar fezes no solo e, principalmente, através de brigas com outros gatos contaminados, que são a principal via de transmissão, tanto entre animais quanto para humanos. Mas, assim como acontece com outras zoonoses, os felinos não são portadores natos do fungo; eles se contaminam de forma involuntária e podem transmiti-lo para as pessoas acidentalmente”, explica a médica veterinária do setor de proteção e bem-estar animal da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura, Giovanna Rossi Varallo.
Monitoramento e prevenção - De acordo com a diretora do setor de Vigilância em Saúde, Fábia Tolvo, a esporotricose vem sendo acompanhada com atenção desde janeiro deste ano, especialmente a partir do momento em que se tornou de notificação compulsória. “Até agora contabilizamos 60 casos de gatos infectados, a grande maioria de vida livre, e 12 casos relatados de esporotricose em humanos. Não existem medidas profiláticas que ‘livrem’ o ambiente do fungo; portanto, a orientação é que as pessoas que trabalham com matéria orgânica, como jardineiros, por exemplo, utilizem equipamentos de proteção individual e estejam atentos à higiene diária e ao surgimento de qualquer lesão na pele que demore a cicatrizar. No caso dos gatos, a melhor forma de evitar a contaminação é castrar o animal e mantê-lo em casa, não permitindo as populares ‘voltinhas’ nas ruas”, recomenda.
Como solicitar ajuda para animal de rua suspeito da doença – Ao avistar algum gato de vida livre com sintomas que variam desde secreção nasal e ocular a falhas na pelagem, feridas avermelhadas e, em casos mais graves, até mutilação de membros, o cidadão não deve tentar cuidar do animal sozinho, para evitar a contaminação. “Se o animal for de rua, orientamos que o munícipe solicite que a equipe do Núcleo de Controle de Zoonoses vá até o local para proceder a captura segura e correta. Uma vez capturado, o animal passará por avaliação veterinária e exame laboratorial para confirmar ou descartar a contaminação por esporotricose e, posteriormente, a adoção das medidas mais indicadas diante do grau de evolução da doença”, orienta a diretora do Núcleo de Vetores e Zoonoses, Michelle Kroll.
Meu animalzinho está com uma lesão na pele. O que fazer? – Se você possui algum benefício social, seu pet pode ser atendido gratuitamente na UBS Animal. Ao identificar alguma lesão, não espere; busque atendimento veterinário o quanto antes. “A UBS Animal está apta a realizar o atendimento do pet e fazer as orientações necessárias ao tutor, já que, quando identificada na fase inicial, a doença responde bem ao tratamento. Nosso único apelo é: não tente tratar a lesão por conta própria. É preciso saber se você está diante de uma contaminação por esporotricose ou não, para preservar sua saúde, de sua família e também de outros animais”, alerta o secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura, Carlos Alexandre Ribeiro Gomes.
A Secretaria Municipal de Saúde informa que, em humanos, a esporotricose é tratável, mas consiste num longo período de uso de antifúngicos. “É um tratamento prolongado, de custo relativamente elevado e que exige muito compromisso por parte do paciente. Aos profissionais que atuam com podas de árvores e/ou jardinagem, fica o alerta para que procurem atendimento médico, caso apresentem lesões de pele que não saram, pois, como já mencionado, a contaminação pelo fungo se dá por meio de contato de matéria orgânica com ferimentos já existentes na pele ou perfurações causadas por espinhos ou galhos”, reforça o secretário municipal de Saúde, Renan Urizzi.
O Núcleo de Controle de Zoonoses de Sertãozinho atende de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Para solicitar a captura de animais de rua com sintomas de esporotricose, basta ligar para 3945-5369.
Munícipes beneficiados com atendimento pela UBS Animal podem levar seus animais para consulta veterinária de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h.
Fotos: Acervo PMS